Diante do espelho vemos todas as etiquetas coladas em nossos corpos e alma.
Em cada uma, um julgamento. Transformando o nosso reflexo em um grande lamento. Eterno jogo de adequação e inadequação, onde sente-se melhor aquele com menor número de elementos inadequados.
Mas a partir de quais critérios somos julgados? Das novelas, celebridades, da televisão? Das divas e heróis das redes sociais e demais mídias de apelação?
Somos carimbados por tudo o que ouvimos que deveríamos ser. Somos expropriados de todo contorno entendido como o que não deveria nos pertencer.
Os peitos? devem ser grandes, mas não muito. Milimetricamente redondos é com certeza um diferencial.
Para os homens a sensação de virilidade vem representada no braço forte, e na barriga de tanquinho, sem dúvidas, fenomenal.
Assim seguimos esculpindo corpos para agradar a gregos e troianos. Mas e com o espelho? Permanecemos brigando? Quando não é a barriga, é a estria depois da lipoaspiração, ou a ruga entre os olhos… mais botox é a solução?
Num passo a passo buscamos a desejada harmonia facial, harmonia corporal… mas estará em harmonia a nossa vida emocional?
Mudar o corpo ou o espelho pode não ser a solução, é preciso aprofundar o entorno, encarar os outros e o medo da rejeição.
O curioso é que geralmente começa em nós mesmos o nosso primeiro não, depois disso fica fácil focar no que por muitos é exaltado como o certo, o padrão.
Amanda Lovelace escreveu:
se você sempre
olha para
o seu reflexo
& sente o desejo
de dizer a si mesma
que não é
boa o suficiente
bonita o suficiente,
magra o suficiente
gostosa o suficiente,
então acho
que é hora
de você quebrar
esse espelho em pedaços,
não acha?
– use esses estilhaços para traçar o caminho para amar a si mesma.
É sobre isso!
Aceitar-se é reconhecer a sua história, a narratividade contida no seu corpo, nas suas marcas. E entender que cada um dos seus traços conta sobre você e um pouco sobre o que já passou.
Caso não aprove e decida mudar algo, retome a sua história e relembre o seu valor. Toda mudança vem de uma trajetória regada doses de potência e pitadas de dor.
Que a sua transformação venha mais por sentido e menos pelo desejo de alcançar um estereótipo.
Acho que em tudo na vida temos que buscar o equilíbrio, para isso, devemos nos conhecer, tanto a nossa história, como os nossos limite e as nossas fraquezas. O valor que damos a nossa história, nosso limite e fraqueza vai servir de filtro frente aos apelos da modernidade e as armadilha que nos rodeia.