Sabe aqueles momentos em que tudo parece desmoronar e você fica se perguntando se possui forças suficientes para lidar com tamanho desafio?
Nesses momentos gosto de recorrer à natureza e suas múltiplas formas. As águas, por exemplo, tantas vezes tranquilas e inofensivas, em determinados momentos movem moinhos e destroem cidades mostrando sua força.
Acredito que assim somos nós, brisa e furação. Talvez nosso primeiro instinto, governado pelo medo, nos faça acreditar que a força não é uma das nossas dimensões, que o aspecto selvagem pertencente a tudo que é vivo não nos habite.
Somos natureza, e temos o poder de reunir todos os nossos recursos para responder, da melhor forma possível, às circunstâncias. Um carinha chamado Kurt Goldstein, neurologista e psiquiatra alemão, usou o termo autorregulação organísmica para se referir a essa nossa potência de nos ajustar às novas situações, por meio de seus estudos é possível perceber que somos capazes de construir novas configurações físicas, emocionais e sociais para lidar com os desafios e intercorrências a que somos expostos. E o mais importante: é justamente esse movimento que nos permite crescer e perceber que já podemos mais do que prevíamos ser possível.
A natureza e a teoria de Goldstein me ajudam a viver, e é por isso que resolvi compartilhá-las com você. Frequentemente duvido das minhas potencialidades, o desânimo e a vontade de desistir me assolam mais vezes do que eu gostaria, e me nutrir neles me ajuda a continuar.
Tenho aprendido que o medo é presente e necessário, precisamos dele para nos proteger, para cuidar daquilo que valorizamos, que amamos. Mas o medo não precisa ser um impedimento de vida, muitas vezes sinto que preciso conversar com meus medos e lembrá-los de quantos improváveis eu já vivi, das muitas vezes em que duvidei da minha capacidade de lidar com algo e ao tentar me surpreendi.
Frequentemente, ao vencer um desafio o transformamos em fundo, diminuindo a sua importância, afinal aquilo já passou, parece que o que importa é o que ainda falta vencer. Tem sido importante relembrar os desafios já enfrentados e a partir deles me dar conta da minha capacidade de me autorregular, de ser brisa e furação, suavidade e força dependendo da ocasião.
Estou aqui para te dizer que isso também pode pertencer a você. Se você chegou até esse texto, espero que ele converse com você e te convide a relembrar de onde você vem, o que já passou e que isso possa lhe inspirar a descobrir potências que talvez hoje sejam difíceis até de imaginar.
Com carinho,
Vanessa Ribeiro