Dentro da adulta que sou, existe uma adolescente e uma criança que habitam o meu interior. Na verdade, talvez dentro de mim caiba uma criança e uma adolescente para cada uma das fases e situações importantes da minha vida. Sou como uma composição dos vários tons que esses ciclos me possibilitaram viver. Nem sempre tons alegres, nem apenas tons tristes, mas sem dúvidas, muitos sons marcantes que juntos tem construído a melodia da minha vida.
A minha criança é o ponto de partida dessa composição, ela é a responsável pelos primeiros acordes que dão o tom inicial dessa música-vida. Por isso é sobre a nossa criança que irei abordar nessa pequena tessitura de palavras.
A criança que existe em você tem uma história. Você já pensou sobre isso?
O momento do seu nascimento, o ambiente onde nasceu. Os suportes que lhes foram oferecidos e aqueles que lhe faltaram começaram a construir em você uma pequena apresentação do mundo ao seu redor. Vale lembrar que o mundo-referência da criança é sempre restrito ao limite de onde seus olhos alcançam, o resto é imaginação e fantasia. Com isso quero dizer que, viver em uma casa marcada pela violência, rispidez e grosserias pode ter nos trazido a ideia de um mundo ameaçador, e junto a ele uma necessidade de proteção. As fantasias nessa fase podem se tornar lindos espaços de abrigo em forma de imaginação.
Assim como viver em uma casa de perfeições que mais parece um conto de fadas, também pode nos apresentar um mundo de facilidades e belezas que ignora a importância dos desafios, das tristezas e asperezas para a nossa construção.
Dificilmente a minha criança, a sua, ou mesmo a criança dos nossos pais recebeu tudo que precisava. E por isso, se localizar no tom inicial dessa história pode ser importante para delimitar a continuação da sua música. Nada podemos fazer para mudar nossas notas iniciais, mas o convite de continuar a composição está na mesa, e a cada nota é sussurada a possibilidade de reacender as notas lá de trás.
Que a continuidade da música nos permita honrar tudo o que foi vivido, ampliar o mundo que nos foi apresentado e acolher essa criança. Ela agora compõe um adulto que pode viver no presente movimentos que ressignifiquem o seu passado.
Eu nunca tinha parado para refletir sobre, mas tem muito sentido em algumas coisas que faço.
O ritmo musical que embalou a minha infância é bem diferente do que me identifico agora, mas que maravilha saber que a vida me permite ser eclética!
Realmente a criança que temos e outros fases da vida estão guardados em nosso interior e olhará para ela ou para as outras fases também é um encontro. Encontrar consigo mesmo em qualquer fase nos ajuda a olhar para trás, buscar compreender o vivido, mãe o ponto principal é olhar o hoje, o aqui e agora, ressignificar o presente transformando-se num adulto capaz de lidar com suas questões e as transformar em potência para alcançar novas e melhores oportunidades. Isso me faz lembrar de Jean Poul Sartre que nos diz: “Não importa o que fizeram com você. O que realmente importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Pense nisso!
Muito legal pensar que um “lar perfeito” também pode não nos preparar para o mundo fora dele.
muito bom`A criança que vive em nós permanece com fantasias, imagens, cores e som, coisas que perpassaram nossa histórias continua em nossas lembranças e memórias. coisas boas e ruins que construíram quem somos hoje. quando olho para trás e vejo uma criança que nasceu em 65, que as 4 perde o pai por uma morte súbita, deixando uma menina cheia de sonho com três filhos e uma menina recém nascida, e por circunstância financeira teve que separar os filhos e eu fui para no interior de Araruama – RJ. As minhas necessidades eram muitas, emocionais, e financeira, faltava tudo, muitas vezes até alimento, mais tinha seu lado bom das brincadeiras, pois vivia com minha vó e meu avô que tinha problema com álcool e mais 2 tias, uma da minha idade e outra mais nova e um tio 2 anos mais velhos que eu, brincava muito na roça, jogava bola, soltava pipa, jogava bola de gude, e fazia carrinho de lata.