Vivemos todos os dias em um campo de batalha. Vestimos a nossa armadura e seguimos em direção à nossa missão de guerra: vencer nossos inimigos.
Contra o que lutamos? Ou contra quem lutamos?
Lutamos contra o preconceito, contra as desigualdades e indiferenças.
Lutamos contra memórias que nos impedem de seguir.
Batalhamos contra os desafios que a vida coloca em nosso caminho e contra os inimigos que moram dentro de nós. Medo, vergonha, insegurança e a tão conhecida sensação de ser sempre insuficiente nos ajudam a questionar se vale a pena o esforço de seguir nessa batalha. Tudo parece tão difícil, e muitas vezes amedrontador.
Ouvimos os estrondos das minas que estão ao nosso redor, avisando que o perigo pode estar muito perto. A cada passo, um risco de não estar mais aqui. O que nos faz querer estar aqui mesmo? Parece que a ideia de proximidade da morte nos faz questionar as possibilidades de vida.
Muitos de nós somos soldados cansados, persistimos em nossas batalhas até a última fagulha de energia. Voltar para a base parece posição covarde, mas não voltar pode significar estar mais vulnerável diante do inimigo. Não existe pausa na guerra! Ninguém dá tempo para o soldado descansar. O retorno à base é uma permissão que o combatente precisa dar a si mesmo quando percebe que chegou ao seu limite. No campo de guerra soldado vulnerável, é alvo fácil, por esse motivo, voltar para a base, pode ser uma questão de sobrevivência.
A base é o lugar em que é possível se despir da armadura e respirar livremente de novo. É o espaço onde recebemos os cuidados necessários para nos fortalecermos e termos condições de retornar ao combate com novas munições.
Alguns de nós funcionamos como soldados motivados. Ávidos por vencer a batalha encaramos a guerra como um grande jogo. Uma brincadeira de criança em que tudo que importa é ser herói ao final. Fantasiamos finais felizes tão certos quanto a nossa imaginação, e nesse processo minimizamos os riscos, nos autorizando a desproteção. O soldado motivado muitas vezes dispensa a armadura, está disponível para o que der e vier. Ele esbanja energia e se orgulha disso, para ele tristeza, dores e limites são meras invenções da nossa cabeça para atrapalhar a performance perfeita.
Numa guerra, para ir ao campo de batalha é preciso conhecer seu inimigo. Entender contra o que ou quem lutamos nos ajuda a construir estratégias de combate. Por este motivo, eu lhe convido a pensar hoje, qual é o seu maior inimigo na batalha da vida? O que hoje lhe impede ou dificulta viver o que precisa?
Olhe para o seu oponente, busque entender a história dele. Desde quando ele está aí? Em que momento ele apareceu em seu caminho? E em que ponto dessa história ele foi percebido como inimigo.
Para lidar com ele muitos de nós vestimos armaduras, protegemos nossas dimensões mais frágeis. Mas é importante alertar: depois de muito tempo de armadura, a gente se acostuma! A ponto de sentirmos falta dela, mesmo em contextos amigáveis. A armadura serve para a nossa proteção, mas se usada indiscriminadamente pode se tornar um impedimento para uma relação de liberdade com o mundo. Perceba qual é a armadura que você usa na vida em meio aos difíceis combates, e busque entender se você consegue retirar essa proteção quando chega na “base” ou se tende a voltar com a armadura para casa.
Todo combatente precisa descansar!
Descansar não é ignorar a importância da batalha.
Não precisamos ocupar os lugares de soldados cansados ou motivados, as duas posições nos ajudam e atrapalham em muitos aspectos. Talvez a nossa principal missão nessa história seja perceber como cada uma dessas posições pode ser estratégica em determinado momento da guerra.
Permita-se ser quantos tipos de soldados quiser, aproveite as munições que tiver e retorne à base quantas vezes for preciso. Isso pode te ajudar a não desistir da sua missão.
Querido soldado, você não está sozinho! Muitos de nós estamos lutando contra inimigos semelhantes. Espero que a nossa história seja de construção de um grande exército, onde possamos ser base, munição e retaguarda uns para os outros!
Preconceito, desigualdade, indiferenças, lembranças, memórias, desafios, o inimigo que habita dentro de nós como o medo, vergonha, inseguranças, insuficiências, morte, são lutas que todos nós passamos. Mais não pode nos abater, as circunstancias não pode dizer quem somos. O que interessa é como lhe damos com isso tudo. Muitas vezes com o soldados temos que recuar a uma base segura, isso não e covardia, é está em um porto seguro para nos reabastecermos para continuar. É entender quer no mundo não estamos sozinhos. E saber que aquilo que nos trouxe equilibrios, como a base, a munição, a retaguarda, sirva para outros. Pois o que plantamos iremos colher.