Como cantavam Sandy e Junior: “no outono é sempre igual, as folhas caem no quintal…”
(Uma pequena homenagem saudosista aos meus leitores da década de noventa rs 😉)
Mas brincadeiras à parte, você já parou para pensar o quanto a natureza pode nos ensinar?
Hoje estou aqui para conversar com você sobre o simbolismo do Outono. Aquela estação que sucede o verão e antecede o inverno. Ou seja, uma estação que funciona como zona de passagem de mudanças bruscas de temperatura, um período de tentativa de lidar com os extremos de calor e frio.
Nessa fase é comum ocorrerem as quedas das folhas, e muitas arvores parecem mortas ou em processo de morrência.
Você sabe por que isso acontece?
O outono é um período em que o solo fica pobre em nutrientes, e por esse motivo as árvores precisam se ater ao essencial para sobreviver. Nesse momento, elas abdicam do que é externo (suas folhas) para priorizarem o interno que as permite sobreviver (suas raízes).
Gosto de perceber esse como um momento de recolhimento da natureza para cuidar de si mesma, onde as árvores não estão tão vistosas para o mundo, é um momento em que elas não esbanjam beleza nem esplendor porque o foco é o seu fortalecimento. Na medida em que abdicam das suas folhas, fornecem a partir delas novos nutrientes para o solo onde vivem para que este se reestabeleça.
Fico pensando que também pode ser assim com a gente. Em alguns momentos parece tudo tão escasso, tão insuficiente para nos nutrir que é preciso nos recolher, deixar de nos preocupar com o que mostramos ou desejamos compartilhar e nos cuidar. Nesse processo, pode ser importante deixar ir objetos, pessoas, relações, sentimentos e comportamentos pelo menos durante o tempo em que você não tem condições de sustentar. Em seguida, entender o que são essas raízes, essa nossa parte essencial que nos mantém de pé, e fornecer-lhe o que ela precisa para se reestabelecer.
Algumas mudanças precisam acontecer de dentro para fora, concorda?
Nem sempre o ambiente em que estamos é capaz de nos oferecer tudo o que precisamos no momento em que necessitamos, e essa é uma realidade com a qual precisamos lidar. É nesse instante também que descobrimos a nossa capacidade de reinvenção diante de contextos de restrição.
Recolha-se quantas vezes entender necessário, mas lembre-se isso é apenas um período, uma estação. O recolhimento como única forma de viver a vida, pode se tornar encolhimento, enclausuramento. Em contrapartida, passar muito tempo sem outono também pode ser viver extremos sem zonas de passagem, sem tempos de respiro.
Está tudo bem se recolher às vezes;
Está tudo bem não conseguir compartilhar o seu melhor em alguns momentos pela escassez no ambiente que te circunda;
O importante é perceber como tudo isso pode te ajudar a parar e oferecer-se o que é essencial para você, aqui e agora.
Que os Outonos da nossa história nos ajudem a entender e respeitar os tempos de recolhimento que precisamos viver para amadurecer.
Me vi neste texto, vi o momento que vivo relatado aqui, e chorei…
Eclesiastes 3 nos leva a refletir muito sobre o tempo para cada coisa…
1 Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
3 Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
4 Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
5 Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
6 Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
7 Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
8 Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Patrícia, que bom te ter por aqui! Que possamos viver nossos tempos, e usufruir da importância de cada uma dessas fases. Sinta-se abraçada!