Vanessa Ribeiro Psicologia

O que é amor? Reflexão de uma psicoterapeuta

Hoje te convido a refletir sobre o que é o amor pra você? Qual seria a sua definição de amor?

Na minha experiência como psicoterapeuta tenho ouvido muitas definições e muitas perspectivas do que seria isso que chamamos de amor. Algumas trazem a magia que nos acomete no encontro com alguma determinada pessoa e que nos permite ver a vida um pouco mais colorida. Para outras pessoas, amor é sinônimo de falta de controle, decepções e sofrimento. Outros ainda traduzem o amor a partir da construção da liberdade, do acolhimento às diferenças e do respeito aos limites de cada uma das partes.

Sempre haverão muitas definições de amor, e talvez não seja possível entender a sua definição sem pensar como tem sido a sua história com o amor, o que você escutou e aprendeu sobre ele.

Qual seria o número do amor? De quantas pessoas é preciso para se construir amor? 1,2,3,4, muitas?

De tudo que eu tenho escutado sobre o amor hoje escolho acreditar no amor como um sentimento que me ocorre no encontro com o outro na medida em que eu me permito acessá-lo com tudo que ele é e pode mostrar naquele momento. Hoje, minha perspectiva de amor traz confirmação, validação e respeito a tudo que somos e que temos conseguido construir na nossa aventura de ser o melhor que podemos ser.

É essa perspectiva que me orienta no amor fraterno, nas amizades, e é também esse olhar que me guia em relação aquilo que chamamos de amor-próprio: o acolhimento de quem sou, com erros e acertos, maravilhas e imperfeições.

Essa é também a percepção que ajuda a pensar relacionamentos. Frequentemente não estamos com o outro, mas com as expectativas que temos sobre ele, ou com a imagem de quem um dia ele foi. Com isso, se torna muito difícil estar com ele de fato. Independente da distância física que nos acomete.

Por outro lado, quantas vezes nos apresentamos nas relações também a partir dos ideais que temos de nós mesmos? Maquiamos não só rostos, como também ações, gostos, opiniões, valores e o que mais for possível. Esse é um bom exemplo de como buracos naquilo que chamamos de amor-próprio vai contribuindo para relações inseguras e inautênticas. Isso acontece em muitos tipos de relações: de trabalho, amorosas, familiares, sociais… e colabora para as inseguranças, desconfianças e consequentemente para as nossas necessidades de controle do outro.

Pensando um pouquinho nas nossas relações amorosas…

Você já refletiu sobre quais são as palavras que descreveriam a sua relação atual? E/ou os seus últimos relacionamentos amorosos?

O que elas dizem sobre o que você tem buscado no outro?

Sim, porque muitas vezes iniciamos relacionamentos na esperança de que o outro preencha algo que só nós podemos preencher.

Quantos de nós esperamos um olhar de admiração do outro, enquanto seguimos com a nossa dificuldade de nos olhar?

Quantos de nós esperamos gestos de cuidado do outro, enquanto nos abandonamos nas nossas necessidades mais básicas?

Começar um relacionamento sem entender quem você é e o que de fato precisa, é correr um grande risco de viver o amor como devoção a alguém que sempre parecerá maior e mais poderoso que você, ou ainda, estabelecer encontros com pessoas que geralmente lhe parecerão insuficientes.

O desejo de amar pode ser o desejo de encontros autênticos, e talvez esse seja o maior desafio do amor: assumir imperfeições, confusões e tropeços para a partir deles construir liberdades, validação e compartilhamentos reais.

Se hoje eu pudesse traduzir os relacionamentos amorosos saudáveis em poucas palavras, eu diria que:

O relacionamento amoroso acontece quando eu sei que sou tudo o que eu preciso, que tenho o suficiente para caminhar sozinho, e ainda assim escolho um(a) acompanhante.

Dessa forma, estar junto não é uma necessidade, e sim uma escolha. Uma escolha pautada na realidade das imperfeições de um outro com quem escolho dividir o caminho.

Acrescentaria apenas um cuidado importante nessa história de acolher erros e imperfeições. Tudo precisa começar pelo amor-próprio, e consequentemente, pelo acolhimento dos nossos limites. Assim, entendo que quando os erros e imperfeições do outro são vivenciados por ambos ou alguma das partes como abusos ou violências, talvez seja o momento de avaliar se ainda faz sentido caminhar junto.

Termino esse texto com o desejo de que a sua experiência tenha como base o autoamor. Que possamos compartilhar olhares amorosos pelo mundo, a partir das nossas vivências de amor-próprio.

Que seus relacionamentos não sejam encontros de metades que procuram por completude, mas de inteiros dispostos a compartilhar a experiência da caminhada.

6 comments

    1. Concordo com você Tatiana! Nem sempre lidar com a realidade é fácil, mas é só a partir disso que podemos escolher de fato estar com alguém, do contrário estamos apenas com o que projetamos nele(a).

  1. É preciso estar muito certo de que nos amamos o suficiente para depois dedicar tempo a amar alguém.
    Antes de tudo se amar, se completar, se bastar.

    1. Exato, Jane! Seu comentário me lembrou a definição de pessoa que diz que ser pessoa é ter a posse de si mesmo, para a partir disso poder estar disposto a encontrar o outro. 😉

  2. Que texto maravilhoso! Há muita verdade nele. Tudo começa no amor próprio.
    Parabéns Vanessa 👏👏👏 Você é incrível! 😘

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