Em seu livro “A coragem de ser imperfeito”, Brené Brown conta que certa vez no início do ano letivo a professora de sua filha levou um pote transparente para a sala de aula e estabeleceu aquele como o pote da confiança. Nele caberiam muitas bolinhas de gude, mas elas só ocupariam o pote na medida em que as crianças conseguissem construir vínculos de compartilhamento e cuidado uns com os outros. Bolinhas de gude seriam retiradas do pote também a cada situação que mexesse com a confiança e com o cuidado entre eles. A autora conta sobre como a sua filha e os demais integrantes da turma se envolveram com a proposta. Havia muita preocupação em não perder bolinhas do pote e muito esforço em conseguir mais bolinhas.
Fiquei lindamente afetada por essa história, e por como ela me faz pensar sobre o modo como nos relacionamos.
Alguns de nós podemos ser aquele que chega no encontro com o outro munido do pote cheio, que só precisará ser conservado. E às vezes, nem isso vai acontecer. Aquele que investe tudo o que tem na relação já nos primeiros contatos.
Em outras situações, podemos ser aquele que nem acredita que vale comprar o pote. Incrédulo de que alguém será capaz de se esforçar para colocar bolinhas ali dentro.
Esse processo fala intimamente de nós, do momento que estamos vivendo, do olhar que temos sobre nós mesmos e sobre o nosso valor. Fala também das proteções que criamos, e das evitações tão presentes pelo medo de sofrer.
Na minha opinião, a grande beleza do potinho da confiança narrado por Brené Brown está na sua construção. O seu sentido se cria na aposta inicial e no desafio cotidiano que ele propõe e como presente temos lindos encontros e vínculos especiais de cuidado e acolhimento das singularidades.
Um detalhe que me parece importante, é que o pode é de vidro. Ele requer cuidado no seu manuseio. Não pegamos um pote de vidro de qualquer forma, porque ele pode quebrar e com sua quebra também podemos nos machucar, né mesmo?
O que hoje é esse pote de vidro na sua vida? Qual é o espaço aonde o outro, caso tenha o respeito e o cuidado necessário, poderá ter acesso? Você se vê aberto para isso?
Deixo aqui esse texto como um convite para você pensar em como tem se relacionado ultimamente. Como está o seu potinho de confiança em cada um dos seus relacionamentos? (Amigos, familiares, namorados(as), cônjuges, etc.)
Vale lembrar que também tem um potinho da confiança na nossa relação conosco, e perdemos bolinhas de gude nesse pote a cada vez que não fazemos valer o nosso valor e o cuidado que merecemos.
Avalie como andam os seus potinhos, e caso esteja com dificuldade de lidar com eles, pedir ajuda é sempre uma opção! 😉
Estou tentando resgatar a confiança
Em mim mesmo
Leonora, está aí um processo que nem sempre é difícil mas que vale muito a pena. Sigo aqui na torcida para que você construa uma linda história de autoamor e confiança em si mesma.