Vanessa Ribeiro Psicologia

Uma breve reflexão sobre relacionamentos

Em algum momento eu acreditei que tinha aprendido sobre relacionamentos com os lindos contos de fadas embalados pelo tradicional felizes pra sempre. Mas hoje percebo que não foi bem assim, meus principais ensinamentos vieram de quem não pretendia me ensinar nada, mas nessa despretensão me fez aprender muito.

Recentemente tenho vivido momentos difíceis com um dos meus filhos caninos, o Sid. Ele está com um problema na coluna e não consegue mais sustentar as partes
traseiras do corpo. Coisas muito simples, se tornaram grandes desafios para ele: fazer xixi, cocô, andar e até dormir.

É muito triste vê-lo sofrendo, e me sentir incapaz de fazer mais. Buscamos os melhores veterinários e atendimentos que pudemos, temos tentado insistentemente lhe alimentar e amenizar a sua dor. Amar o Sid em muitos momentos foi aproveitar momentos divertidos e especiais ao seu lado, e hoje percebo que amá-lo é sobretudo estar ao lado dele no momento da dor, mesmo quando isso é o máximo que eu posso lhe oferecer.

Escolhi começar esse texto falando da minha relação com o Sid porque talvez ela reflita muito do que tem me cercado hoje: lembranças da minha mãe cuidando da minha avó acamada, amigos em processos de despedida de entes queridos no hospital, pessoas sofrendo ao acompanhar a dor de quem amam, familiares que me procuram como profissional de saúde na esperança de ajudá-los de alguma forma a amenizar o sofrimento emocional de quem lhes é importante.

Considerando todo esse contexto, fiquei pensando que talvez se relacionar nos implique ter coragem para amar e viver as magias e também os limites e impossibilidades do amor.

É claro que existem e sempre existirão muitos níveis e formas de relação, mas tenho percebido que é a profundidade da relação uma das portas para o amor. Não apenas um amor romântico, mas o amor como ação, que tem como principal missão, dentro de um respeito próprio, proporcionar ao outro o melhor da sua experiência de si- ainda que em contextos controversos.

A nossa querida escritora Bell Hooks já dizia que amor é ação. É presença mais do que fantasia… É assumir as imperfeições de estar junto no desafio de construir formas de enlace que nos permitam crescer e amadurecer como pessoas.

Enfim, penso que a difícil tarefa de se relacionar venha acompanhada de uma tal admiração pela vida que nos convida a desejar experienciar mais histórias (prazerosas e/ ou desafiadoras) com esse outro que em mim já possui algum lugar de importância.

Acredito que nosso primeiro grande relacionamento é conosco mesmo e com as nossas possibilidades e limites. A partir dele construímos referências capazes de nos direcionar para estar com o outro de uma forma saudável, sem essas referências facilmente aceitamos o que nos é oferecido sem questionamentos ou seguimos recusando formas de aproximação.

Seja com amigos, familiares, pets, namoradas ou companheiros que os nossos relacionamentos sejam fontes de troca e nunca algo que nos impeça de estar inteiros.

Espero que a nossa relação por aqui continue fazendo sentido pra você.

É muito bom ter você por perto ❤

2 comments

  1. Relacionamentos, seja qual for a forma, passa pela nossas incapacidade de lidarmos com outro, porque estamos presos no “EU” para julgarmos a todos. O que vale são as nosas experiências, pois ela são as únicas verdades que conhecemos e usamos elas como base para todos os nossos relacionamentos, não respeitando a individualidade, onde queremos a qualquer custo intervi no sofrimento dos outro não sanbendo que o sofrimento faz parte da vida e ela pode vir por decisões própria ou pelo acaso da vida.

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