O escritor Aldous Huxley escreveu uma vez que experiência não é o que acontece com um homem mas o que um homem faz com o que lhe acontece. Eu entendi com isso que para ele na experiência mora a ação, a escolha, o envolvimento com aquilo que nos acontece.
Talvez por isso a psicóloga e gestalt-terapeuta Monica Alvim use bastante o termo Experiment-ação, onde na própria forma da palavra deixa explícito a relação entre a ação e experiência.
Mas você deve estar se perguntando por que estou trazendo isso para conversarmos hoje?
Porque nos textos anteriores falamos de novos ciclos, de gestar mudanças e dentro de tudo isso mora a responsabilidade, ou seja, a construção da nossa habilidade de responder à situação que nos acontece. E essa habilidade nem sempre é vista, validada ou de fato mora em nós. Qualquer habilidade, costuma ser desenvolvida mesmo quando há uma facilidade para tal coisa. Isso significa que a responsabilidade para viver novas experiment-ações só virá com o processo de nos oportunizar o novo.
Como posso aprender inglês, sem me oportunizar ter contato com a língua? Ou como posso desenvolver habilidade em falar em público sem nunca ter falado para mais de duas pessoas?
É sobre nos oferecer a chance de lidar com o diferente e a partir disso fomentar em nós a habilidade de responder a essas novas situações.
Frequentemente desejamos os resultados sem viver os percursos necessários para a sua realização. Ao viver a ansiedade do que não posso controlar, a minha vontade é de apertar aquele botão de acelerar e só dar o “play” na parte em que já está tudo no lugar. Isso também acontece com você? Você já percebeu essa vontade dentro de você? Mas se abrir ao novo não é também encarar todos os caminhos necessários para fazê-lo acontecer?
Uma vez, meu terapeuta pontuou que todos os meus textos pareciam terminar com um final feliz, parecia que pra mim um texto só era bom quando finalizado com uma solução. Ao me dar conta disso, percebi o quanto o aberto e o impreciso me parecia feio, era amedrontador e evitado por mim.
A partir disso, me permiti escrever poesias e textos que também dessem espaço para a beleza e a função contida nos sentimentos mais sombrios que convivem dentro de mim. Por esse motivo, termino esse texto com um exemplo de como tenho me permitido experimentar o diferente. Será lindo receber notícias sobre os caminhos que você vai construir por aí também. Espero que você possa se sentir abraçadx de alguma forma através das palavras que deixo por aqui.
Poros abertos
No abrir dos poros, sinto
Absorvo as sutilezas, por muitos, não consideradas
Me torno ambiente em respiração
Inspiro as coisas do mundo e
Expiro a minha própria produção.
Sou impermanência,
Uma obra por fazer.
Na textura da tela um convite a novas experimentações,
Agarrado a ela o medo conectado ao descontrole e a péssimas reverberações.
O peso do inesperado corre em minhas veias,
Viver também é se arriscar.
O temor assombra meus sonhos,
Me impede de descansar.
O ardor reconecta a alma
E me incita a continuar.
Se faz sentido pra mim,
Como posso desistir, sem antes me exaurir de tanto tentar?
Com poros abertos
aprendi que
lutar por mim
sempre vale a pena.
Habilidade é a palavra, a capacidade de lhe dar com situação inesperada, onde realmente vamos adquirir experiências que nos capacita para novas situações e adversidades.
A vida é uma peça de teatro que não nos permite ensaio, por isso só podemos experenciarmos para formação da nossa experiência de vida.
Verdade, Anselmo! É aproveitar o aqui e agora.