Você já fez algo do qual se arrepende?
Ou algo, que mesmo que não seja um arrependimento, também não é um orgulho?
Às vezes a vida pode ser bem difícil, e muitas das coisas que nos acontecem não podem ser reduzidas simplesmente a certos e errados – embora muitos de nós tenhamos sido criados nessa perspectiva.
Aprendemos a avaliar e julgar cada um de nossos passos, ações, emoções e expressões. E no meio disso nos tornamos estranhos a nós mesmos. Viramos o retrato de um mundo julgador interiorizado no mais íntimo de nós.
A ponto de que determinados “erros” se tornem verdadeiros martírios da nossa vida interior. Nós mesmos nos avaliamos, julgamos, condenamos e punimos nossos atos. Temos dificuldade de olhar o nosso reflexo no espelho, na medida em que ele se reduz ao “que não está certo”.
Queridxs amigxs, temos farpas e comparações demais nesse mundo. A vida anda pesada e encolhida, pois toda forma de expansão e expressividade se torna possibilidade de ser julgado, excluído, cancelado pelos que nos rodeiam. Até quando viveremos assim?
João Doederlein (@akapoeta) escreveu em seu livro dos ressignificados que perdão tem a ver com doar compreensão para quem se perdeu. Compreender, não significa necessariamente concordar com o que foi feito, mas oferecer um olhar que não reduz o outro ao seu ato e que busca junto com a história do erro entender o máximo possível do contexto envolvido na situação.
Quantos de nós nos perdemos todos os dias? Quantos de nós “erramos” diariamente conosco, com os outros, com o mundo?
Consegue listar todos os enganos que já cometeu ao longo da vida?
Pois é… pode ser estranho pensar que esse mundo cheio de certos, errados, expectativas e frustrações é composto por seres errantes – cada um de nós. E é isso que nos une, a vulnerabilidade de estar no mundo de forma inteira o suficiente para correr o risco de continuar errando e manter a busca de ser a melhor versão de si.
Não se compare com os outros, mas com as várias versões que conhece de si mesmo. Essa pode ser uma comparação que servirá de guia para a sua busca.
Permita-se errar quantas vezes for preciso. O erro pode não ser uma escolha intencional, mas uma consequência de ensaiar formas de viver uma vida coerente com seus desejos e valores. É possível mudar a rota em qualquer ponto deste caminho, o caminho não define quem você é, e sim a possibilidade de permanecer caminhando.