Dificuldade de falar em público, tensão a cada vez que sente que todos podem estar olhando pra você, vontade de sair correndo para não ter que lidar com a sensação de inadequação… Essas são algumas das formas através das quais a vergonha pode se manifestar no nosso cotidiano.
Frequentemente costumamos nos classificar como tímidos ou extrovertidos, e entendemos que os tímidos nunca se sentem confortáveis em público e extrovertidos sempre estão abertos a experiências sociais de exposição, mas será que essa divisão é assim tão certinha?
Se você se considera tímido, é possível afirmar que você em nenhum momento se sente confortável perto de outras pessoas?
Se você se percebe como extrovertido, está sempre aberto a sensações de exposição ou contatos sociais?
Será que todos os nossos professores são extrovertidos? E os cantores e dançarinos que admiramos?
Muitas vezes dividimos as características como coisas que possuímos ou não possuímos, mas desconsideramos que o modo como vivemos determinadas situações e a história que construímos em relação a elas podem influenciar, e muito, o modo de lidar com as mesmas.
Por exemplo, eu posso ser tímido – e timidez está relacionada a uma personalidade mais introspectiva – e me sentir muito confortável ao cantar ou dançar em público. Isso porque o canto ou a dança são vividos como ambientes seguros pra mim.
Assim como eu posso ser extrovertido e me sentir muito desconfortável em ter que falar em público ou interpretar um papel, pois é um lugar que não costumo ocupar.
Isso se deve ao fato de a vergonha ser uma emoção, e como tal, está intimamente relacionada às situações que vivenciamos e ao modo como nos percebemos diante destas. Sentir-se envergonhado poderia ser sinônimo de sentir-se exposto e vulnerável, já que geralmente essa situação ocorre em circunstâncias e/ou ambientes novos.
Insegurança, sentimento de incapacidade, falta de controle sobre a situação, medo de ser julgado são algumas das sensações que se presentificam no universo da vergonha.
Quando nos sentimos envergonhados muitas vezes a sensação é de que o mundo todo parou para nos olhar e está nos julgando naquele exato momento! Às vezes parece que somos capazes até de ouvir os pensamentos das pessoas a nossa volta “Nossa, ela não deveria fazer isso!”; “Ihh ele está falando besteira!”; “Que apresentação horrorosa!”. Você já teve essa sensação? A vontade é de acabar logo ou sair correndo dali, né?
Talvez essa seja a grande dificuldade, enquanto o desconforto causado pela vergonha nos convida a evitar, isso só a intensifica. É como se ela fosse um monstrinho que quanto mais você tenta escondê-lo mais ele cresce. A vergonha se alimenta dos nossos medos e evitações, então a medida que tentamos fingir que está tudo bem, aumenta a nossa necessidade de parecer estar bem, e com isso a vigilância dos nossos comportamentos. Tudo isso provoca uma grande tensão que facilita experiências desconfortáveis de exposição.
Então se tem algo que preciso te dizer hoje é o quanto assumir a nossa humanidade e nos permitir errar pode aliviar essa tensão e promover melhoria contínua no nosso desempenho diante de situações novas e desafiadoras.
Busque os apoios que precisa e enfrente! Estar com vergonha é humano e todos já passaram por isso em algum momento, é importante cuidar para que esse monstrinho não cresça de forma a te impedir de viver o que é importante pra você!
Caso você tenha se identificado com esse texto, tenho um convite a te fazer: o Workshop Bagunçando a sua vergonha! Um momento de experimentação em um ambiente seguro que relaciona princípios da psicologia e da palhaçaria para nos ajudar a compreender e lidar com este tema! Clique aqui para saber mais.